quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Revolta dos Búzios" é tema de caminhada em Salvador



A cidade de Salvador comemorou na tarde desta quinta (30) os 212 anos da Revolta dos Búzios na Bahia numa Caminhada pela Igualdade Racial. O evento teve como base a Liberdade Religiosa, Cultura de Paz, Financiamento Público e Privado da Cultura Afro-Brasileira além da reivindicação da Implementação na Educação das Leis 10.639 e 11.645.

A Caminhada teve início no Campo Grande e terminou na Praça Castro Alves. No local, militantes do Movimento Negro, Representantes Políticos e diversos Artistas reivindicaram a Igualdade de Direitos e o fim das Desigualdades decorrentes dos 300 anos de Escravidão no Brasil.


Texto e Foto: Patrícia Bernardes (Jornalista e Gestora Social)


Mariene de Castro homenageia Roque Ferreira



Foto/Divulgação


Nos dias 08, 15, 22 e 29 de outubro, às 20h, no Largo Pedro Arcanjo, a sambista Mariene de Castro faz show em homenagem ao compositor e pesquisador do samba-de-roda, Roque Ferreira.

Em seu repertório, Mariene cantará apenas composições de Roque Ferreira. Músicas como “Abre Caminho” e “Vi Mamãe na Areia”, escritas por Roque e cantadas por Mariene de Castro prometem colocar todos os presentes “pra sambar sem parar”. Vale lembrar que a Diva do Samba da Bahia deu a luz ao seu terceiro filho, chamado Bento, no ultimo dia 23. Agora é esperar pra sambar...

Serviço:

O quê: Show de Mariene de Castro
Quando: Dias 8, 15, 22 e 29 de Outubro (sexta),
Horário: 20h
Onde: Largo Pedro Arcanjo – Pelourinho
Quanto: R$5,00


Texto: Patrícia Bernardes


Processo de Seleção Pública para Projeto Núcleo de Justiça



Estão abertas as inscrições para Processo de Seleção Pública Simplificada para contratação temporária de profissionais que atuarão no Projeto Núcleo de Justiça Comunitária do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). São oferecidas 17 vagas para profissionais graduados em Pedagogia, Comunicação Social, Psicologia,Direito e Serviço Social, com experiência comprovada em projetos sociais. O salário será de R$ 1.425,20 e os interessados têm até o dia 22 de setembro para se inscrever.As inscrições são gratuitas e devem ser feitas através de envio de currículo para o e-mail rh.jc@saber.org.br . O processo seletivo será realizado pela Soluções Criativas em Políticas Públicas e Sociais (Saber) e supervisionado pela Secretaria da Justiça,Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).

Na seleção será considerada análise de currículo, comprovação e análise de títulos, entrevista e avaliação psicológica. Também poderão se inscrever, para concorrer às vagas de estágio, estudantes das áreas de Direito, Serviço Social e Psicologia. São 20 vagas, com bolsa-auxílio de R$ 465. O edital completo está disponível no rodapé do site da Secretaria da Justiça: www.sjcdh.ba.gov.br.

Os profissionais aprovados vão atuar na assistência técnica, formação e gestão de equipe multidisciplinar no âmbito do Projeto Núcleo de Justiça Comunitária - que vai capacitar lideranças comunitárias para mediar conflitos e promover a coesão social nos bairros de Tancredo Neves, Paripe, Alagados/Pirajá/São Bartolomeu – em Salvador; Itinga, em Lauro de Freitas; e PHOC1, em Camaçari.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Coordenação de Tecnologia Social discute Parque Tecnológico Bahia



Texto e Foto : Patrícia Bernardes

Aconteceu na manhã desta quarta (29) na Planos Engenharia (Empresa de Consultoria), em Lauro de Freitas, uma reunião de alinhamento de conduta promovida pela Superintendência e Coordenação de Tecnologia Social da Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação do Estado (SECTI) com o objetivo de discutir a implantação dos Grupos de Idéias Formadoras (GIF) de forma que sua execução seja positiva junto às Comunidades Entorno do Parque Tecnológico da Bahia .

Na ocasião estavam presentes os profissionais da Planos Engenharia responsáveis pela implementação do GIF nas Comunidades Entorno, o Coordenador de Tecnologia Social da Secti Aguinaldo Oliveira, a socióloga e urbanista Drª Antonia Garcia e demais gestores sociais envolvidos com as Comunidades Entorno do empreendimento tecnológico em fase de construção na Av. Paralela.

A Planos Engenharia é a empresa contratada pelo Governo do Estado que está a frente do Plano Diretor do Parque Tecnológico na Bahia, com a intenção de proporcionar um diálogo de mediação entre as comunidades entorno do empreendimento em parceria com a Secti. O GIF surgiu para dar “voz” às comunidades em volta da construção do Parque diretamente beneficiadas até mesmo na contratação de mão de obra especializada.

Questionamentos feitos pelas lideranças das comunidades de Salvador estão levados em consideração para que o impacto da construção do Parque Tecnológico e as demandas apresentadas por cada comunidade, sejam encaminhados para os órgãos públicos de forma direcionada. Segundo Paulo Rocha, arquiteto urbanista da Construtora Planos, a filosofia do Grupo de Idéias Formadoras (GIF) é a de cuidar e intermediar o entorno do Parque .

“A esfera de discussões é ampla quanto às deficiências de cada localidade na cidade de Salvador. O GIF é uma forma de convidar a sociedade civil organizada para participar da democratização do processo de funcionamento do Parque Tecnológico da Bahia”, afirmou a socióloga Antonia Garcia, membro do Observatório Igualdade Gênero, Raça Classe Luiza Mahim na Bahia.

Partindo do princípio de que este Grupo de Idéias Formadoras deve ser formalizado e devidamente representado em cada localidade, os representantes da Construtora Planos apresentarão um esboço inicial de como deve ser mais bem fomentado o GIF em cada comunidade no prazo de 15 dias a ser entregue a Aguinaldo Oliveira, Coordenador de Tecnologia Social da Secti.

Para os gestores do Plano Diretor do Parque Tecnológico, é de extrema importância de que seja consolidado de forma prática e jurídica a função de cada membro pertencente ao GIF destas comunidades inicialmente representados em Salvador. Desta forma, mesmo que ocorra a mudança de gestão em suas esferas municipais, estaduais ou até mesmo federais, o Grupo de Idéias continuará forte e coeso na manutenção da sua comunidade acerca dos benefícios gerados para as mesmas entorno do Parque Tecnológico.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Oxalá reina no Curuzu




A quinta filha de Mãe Hilda de Jitolu , Doné Hildelice Benta dos Santos , falou pela primeira vez em público na noite desta segunda (27), aos participantes da Semana da Mãe Preta 2010, no Curuzu.Na ocasião, a nova mentora espiritual do Terreiro Ilê Axé Jitolu, filha de Oxalá, falou sobre as responsabilidades e desafios na direção da Escola Mãe Hilda e também como guia espiritual do Bloco Afro Ilê Aiyê.

Vídeo e Foto : Patrícia Bernardes (Jornalista e Gestora Social)




Beje Eró ...um outro Ogunjá



Em vídeo-entrevista na tarde desta segunda(27),Anativo Oliveira e Rejane Maia do Grupo de Teatro Beje Eró falam sobre a importância da Educação e da Arte para Crianças e Jovens de Salvador. O Grupo de Teatro Beje Eró realiza suas Oficinas de Dança e Teatro no bairro do Ogunjá.
Informações: (71 ) 8637- 1644


Vídeo:Patrícia Bernardes
(Jornalista e Gestora Social)

domingo, 26 de setembro de 2010

Os Gêmeos e a Inversão da Mesa



Para compreendermos o culto a Ibeji é preciso entender a importância do nascimento e da morte para os grupos africanos chegados ao Novo Mundo, particularmente ao Brasil. Ancestral de culto cercado de silêncios e mistérios, está presente em todos os padrões rituais reorganizados no Brasil chamados de nação. Tobossi para algumas tradições jeje, Mabaço para os angola-congo, Ibeji para a tradição ketu, ao menos aquelas presentes na cidade de Salvador, ou simplesmente “dois dois”, “os meninos”, como são chamados carinhosamente pela maioria das pessoas.

O culto a tal ancestral nos terreiros de candomblé aparece ligado às crianças, na nação angola-congo, chamadas de Nvunji e nas de tradição iorubá, erê. Todavia, o culto a “dois dois” ou ainda aos meninos não pode ser confundido ou restrito a estas.

No continente africano, o nascimento como a morte reveste-se de particularidade, pois remete a um dos conceitos mais importante de sua filosofia: a ancestralidade. Em linhas gerais, a ideia é de que somos um deslocamento de matérias ancestrais, ou seja: cada criança que nasce é um Baba Tundê, um antepassado que retornou para a comunidade; não no sentido de uma reencarnação cíclica, mas como uma semente que carrega as informações da nova planta.

Observando a natureza, africanos e africanas elaboraram por primeiro esta noção que mais tarde vai aparecer com o nome de genética. Neste sentido, não a criança, mas o nascimento e o duplo é algo particular. Há grupos vizinhos aos iorubás onde não nascem gêmeos. Ou seja, apenas uma criança fica no mundo. Não vamos entrar aqui nesta discussão, pois também temos outras formas de descartar nossos recém nascidos.

Fato é que Ibeji, ou o Mabaço possui enorme significado para os grupos, os quais nos referimos anteriormente. Tal ideia chega ao Brasil com os africanos e africanas e aqui se populariza a ponto de interferir na própria representação de santos católicos como Cosme e Damião, sem esquecer de Crispim e Crispiniano.

Eji na língua iorubá significa dois e bi é o verbo nascer. Desta maneira a própria formação do nome explica o seu sentido. Ibeji é nascer ou o nascimento de dois.

Certamente os mabaços sempre foram invocados, ora para proteger as famílias africanas fragmentadas e escravizadas, ou mesmo para garantir às crianças a Lei do Ventre Livre, por exemplo, uma das mais difíceis de ser concretizadas pois não libertava a sua mãe.

O nascimento dos gêmeos é tão importante que estabelece uma ordem na família. Assim, o terceiro filho para os iorubás é chamado Doun, “o terceiro”, ou aquele que veio após os gêmeos.

As mulheres africanas em linhas gerais eram muito férteis. Assim tanto a mortalidade infantil quanto a mortalidade da mãe eram vistas como algo particular e recebiam tratamento especial. Certo é que o momento de dar a luz era visto como algo cercado de cuidado. Isso também valia para os primeiros dias do recém nascido, que em algumas culturas só era apresentado à comunidade após o 17º dia, quando esta ouvia atentamente o seu nome. Nome que lhe acompanharia durante toda uma vida que não tem fim. Afinal, “os que nascem nunca morrem”. A perda de uma criança vai ser assim resignificada pela comunidade que luta o tempo todo para superar a morte, como ainda hoje a humanidade através das religiões.

Acredita-se, por exemplo, que quando uma mulher perde uma criança no parto ou quando esta morre ainda jovem, ou mesmo a sua mãe no momento em que está dando a luz, trata-se de uma criança concebida para passar pouco tempo na Terra, ou que está “brincando” com a sua mãe, “vindo e retornando”, são os chamados pelos iorubás abiku. Mais uma vez, temos o verbo nascer e iku, a morte. São os nascidos para morrer.

Este termo ganhou outra concepção no Brasil: para alguns, trata-se de pessoas que não precisam passar pelo processo de iniciação estabelecido por cada tradição religiosa. Todavia, abiku são também crianças que no momento do parto, experimentam de perto a morte, a exemplo daquelas que nascem com o cordão umbilical enrolado ora no pescoço ou em todo o corpo. Estas ao nascer recebem nomes especiais e são submetidos a ritos específicos para continuarem no mundo.

Sem falar que o cordão umbilical sempre recebeu tratamento especial para os africanos e africanas. Pena que a ciência oficial só tenha reconhecido tal importância na contemporaneidade, mas foram os nossos antepassados os primeiros a dizer que ele é uma espécie de síntese da vida da pessoa.

Assim, Ibeji liga-se diretamente aos nascidos para morrer, sobre os quais pouco se fala no universo afro-brasileiro, justificando de certa maneira a confusão entre estes e as crianças.

O culto aos gêmeos está ligado à ideia de continuidade e descendência, como o quiabo, comido pelos faraós do Egito. Assim como a cebola, representava o mundo representado nas camadas que a compõem, o quiabo estava ligado à continuidade. Podemos fazer esta experiência, colocando numa vasilha com água sementes de quiabo. Com um tempo, elas vão se juntando, formando a teia ou o futu, tão lembrado pela Makota Valdina, uma espécie de pacote que Nganga Zambi fez no início do mundo, onde colocou tudo.

Agora entende-se por que uma das iguarias mais apreciadas pelos gêmeos seja o chamado caruru. Na verdade os gêmeos comem de tudo. Comem tudo o que a boca come, como os ancestrais da terra. Isso exemplifica a antiguidade de seu culto.

Embora apareçam ligados à morte, os gêmeos são filhos do orixá Oxum. Pois vida e morte andam juntas. Oxum foi aquele ancestral nagô que, segundo um de seus mitos, no momento em que Deus distribuiu os poderes aos orixás, através de uma chuva, enquanto alguns se esforçavam para pegar o ferro, a terra e outros elementos, ela agarrou com as duas mãos o ovo, chamado de eyn. A partir daí ela passou a garantir a permanência de tudo que é sistema.

Oxum regula assim o ciclo menstrual, mas também o ciclo da terra que garante os frutos. Tempos atrás, este fato era relembrado em dezembro, quando se ofereciam as chamadas frutas do ano. Era uma festa. Oxum também cuida do intestino e de tudo que é “de dentro”. Assim, ela garante os gêmeos e todas as crianças.

Um trabalho sobre o significado destes ainda está para ser realizado, embora o Professor Vivaldo da Costa Lima já nos tenha presenteado com um texto sobre os meninos. Talvez isso seja explicado pelas dimensões tomadas pelo culto. O culto aos mabaços extrapola as religiões de matriz africana. Eles estão em todos os oratórios católicos de famílias que tiveram gêmeos.

Aos meninos é oferecida uma mesa, que neste dia é “arrumada no chão”, à maneira africana. Neste dia são as crianças que comem primeiro e têm o consentimento até de brindarem a saúde de todos com vinho.

Algumas vezes, as sete crianças recebem pratos individuais. Em outras, a comida é colocada numa grande gamela e todos comem e têm o direito de se “lambuzarem”. Todos comem com as mãos. Há casos em que as mãos das crianças são limpas na saia da dona da casa.

É a inversão da mesa, onde os rígidos códigos ocidentais como: não conversar, “comportar-se”, usar talheres, comer com a boca fechada são suspensos a fim de garantir a alegria, e a vida através da continuidade da comunidade. Viva as crianças.

*Vilson Caetano de Sousa Junior é Doutor em Antropologia, Professor da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia e filho do Terreiro Pilão de Prata, em Salvador.

sábado, 25 de setembro de 2010

Intolerância Religiosa invade Recôncavo Baiano



Parte da Roça de Ventura, como é conhecida o Terreiro de Candomblé Jêje Marrin denominado “Zô Ôgodô Bogum Malê Seja Hundê”, está sendo invadida pelo posseiro da Fazenda Altamira, o advogado Ademir Passos. Segundo o Ogan responsável pelo terreiro, um trator está desmatando a área, provavelmente para iniciar imediatamente a construção de um condomínio residencial. Segundo ele, o tratorista por pouco não derrubou uma árvore sagrada, plantada em 1878, que fica localizada no limite entre o terreiro e a fazenda.

A Fazenda Altamira, que a Comunidade/Terreiro do Seja Hundê chama de “Roça de Cima”, pertencia na década de 1870 a José Maria de Belchior, conhecido como Zé de Brechó. Nessa fazenda, ele, juntamente com a africana Ludovina Pessoa, a responsável pela fundação do Terreiro do Bogum, de Salvador, fundou o Seja Hundê de Cachoeira que depois da abolição da escravatura se transferiu para uma roça contígua, a citada Roça de Ventura.

Vendido em 1904 pelas irmãs e herdeiras de Zé de Brechó aos filhos de Zacharias Milhares, estes vendo muitas assombrações no lugar venderam, em 1912, ao advogado Moyses Elpidio de Almeida, Em 1922 a fazenda foi adquirida pelo advogado Nelson Falcão em mãos de seu colega Moyses. Este, também assombrado, vendeu a Aurino Longuinho (que ao ver numa assombração quase morre). Longuinho então revendeu, ou devolveu o pepino, ao Dr. Nelson, que legou a seus filhos, que, assombrados, legaram a seus netos, permanecendo até poucos dias atrás em mãos da última herdeira, Marta Falcão.

Assombrada, Marta doava e oferecia a propriedade pela bagatela de 20 mil reais (por 15 mil o acordo era fechado). Muito barata para uma propriedade de 12 hectares de terras ,bem localizada e cheia de axé plantadas por africanos. Como tudo tem um por que, o porquê da barateza era que o imóvel está até "aqui"atolado de dívidas com o INCRA.Tudo desmoronou, a terra perdeu a força, e todos os outros proprietários se deram mal .O Seja Hundê está em processo de tombamento pelo IPHAN e no projeto está incluída a área onde originou o Terreiro.

O empreendedor advogado Dr. Ademir Passos tem lá suas razões para encarar o negócio. Ele é também posseiro da problemática e irregular Fazenda Caquende, um balneário cheio de história, lugar onde acolheu Von Martius e Von Spix, mas que foi abandonado pelo ex-deputado e ex-vice-governador Edvaldo Brandão Correia. Dizem por aí que o Dr. Ademir pretende fazer um condomínio de luxo, algo do tipo Costa de Sauípe.

Fonte: Correio Nagô Edição do Texto p/este Blog: Patrícia Bernardes

Vamos por parte... Rsrsrsr...

O caso é sério, porém se repararmos bem na situação, os fundamentos "plantados" ali são tão genuínos (matriz africana legítima) que nenhum proprietário posterior tem tido paz ao gozar do local adquirido.

A ingenuidade dos que ainda fazem parte da Cultura de Matriz Africana no Estado da Bahia é facilmente "barganhada" e é justamente aí que os gestores em Cultura e Turismo tem "feito a festa" na captação de recursos e "acordos obscuros" nunca visto, revistos ou acompanhados judicialmente. A inocência de alguns negros recém libertos fez com que grandes Terreiros de Candomblé fossem "degradados" em sua essência. Sempre falei a quem de direito que a questão da Reforma Agrária no Brasil perpassa por aspectos sensíveis de religiosidade e etnicidade. A TV e as Rádios se mantiveram ausentes ou , por vezes, só desejaram colocar em pauta a violência entre as "terras invadidas" e os chamados " invasores".

Alguém perguntou quem eram os invasores?Alguém perguntou o que estava sendo invadido? Não...Ficamos reféns de Movimentos Sociais em Prol da Desapropriação de Terras com "pano de fundo" extremamente partidário e as propinas foram sendo passadas culturalmente ano após ano sem investigação ou catalogação nenhuma.

Tudo no Brasil antes da Lei Áurea era dividido entre Grandes Fazendas e Quilombos. Quilombos estes que proliferaram nossa cultura religiosa e social. Em 2010, querer um órgão público que se diz gestor de um patrimônio imaterial, vim pra cá nos dizer que não há herança reconhecida para tamanho número de hectares não é legítima? Por que só não é legítima agora? Depois de obter em seus "bolsos" milhões em verba do Minc ou vindas de Construtoras Estrangeiras?.

Yansã tome a frente disso...Ogum dê fim a todos os males...e Ossain e Oxossi continuem mostrando a estes salteadores a verdade absoluta de quem pertence estas terras.

Apesar dos herdeiros não ter entendimento espiritual...advogados, tratoristas e os demais envolvidos já estão sentindo como funcionam as coisas em locais de "fundamento " legítimo na Bahia. Pra mim, nesta história, não haverá vencedores. Em sua essência o local nunca será um Resort.Será sempre lotado de visões, aparições e sem lucratividade.

A dor de um filho de santo perder um ibá mantido a anos é imensa...mais o seu Orixá conhece a essência do seu coração.

Odofiabá!...Axé de Paz aos batalhadores desta causa.

Vamos com fé...

Patrícia Bernardes