Salvador possui cerca de 3.707.281 de habitantes (IBGE/2010) contemplando assim o título de terceira cidade mais populosa Brasil. Seguindo esta linha de levantamento estatístico, a nossa cidade teve sua estimativa confirmada diante do quadro expressivo de mulheres em comparativo aos homens, com o crescimento de 260 mil mulheres a mais que os números estimados no último senso em 2010. Em contrapartida, uma pesquisa intitulada “Mulher Negra: Dupla Discriminação nos Mercados de Trabalho Metropolitanos” divulgada em Novembro de 2010 constatou que 31,3% das mulheres negras de Salvador estão fora do mercado de trabalho (DIEESE/2010).
Na saúde, a cidade de Salvador ainda está presente nos leitos de “Unidade de Terapia Intensiva” quando o assunto são os cuidados diferenciados que deve ser oferecida a saúde da população negra. Ainda se faz urgente a presença de ações informativas e anti-descriminatórias por parte dos gestores de saúde na cidade em que a maioria da população (85% dos habitantes) é de raça negra. Fatores primordiais para ações afirmativas de sucesso nesta área de saúde pública ainda são vistas como “ambiente desconhecido” ou de “alta periculosidade” já que os agentes de saúde da família ou dos postos públicos não possuem a capacitação necessária e coerente para o tratamento desta população afro-descendente majoritária na cidade.
Como empoderar estas mulheres negras na Bahia com tamanho desnível em setores básicos como saúde e empregabilidade instituídos em nossa Constituição Brasileira? Como fazer com que estas mulheres visualizem o seu valor real diante de tamanhas ações discriminatórias vivenciadas diariamente em sua cidade de origem? Como promover a igualdade de direitos sem antes rever de forma efetiva os danos causados a estas mulheres que são, em sua maioria, o “pilar financeiro” de seu lar?
Atualmente, os números de cooperativas lideradas por homens e mulheres de origem negra têm crescido em Salvador ao longo da evolução urbana da cidade. As comunidades ao redor dos grandes complexos imobiliários de Salvador têm solicitado da Prefeitura e do Governo do Estado uma maior atenção para as famílias em situação de miserabilidade para que questões de sobrevivência urgente sejam absorvidas pelo repasse de verbas de financiamento destas mesmas cooperativas de reciclagem. Vale lembrar que em 02.08.2010 foram liberados pelo Governo Federal através do Ministério do Meio Ambiente cerca de R$1,5 bilhões para Projetos e Financiamentos para cooperativas de catadores no Brasil.
Podemos sim promover a qualificação e instrumentação da divulgação dos direitos destas mulheres negras que compõem a cidade de Salvador utilizando a nossa imagem, já reconhecida no cenário baiano, para formatar grupos de pesquisa ( mapeamento e catalogação das mulheres negras assistidas) e atividades comunitárias ( palestras educativas e qualificação profissional – empreendedorismo) para estas mulheres na Bahia.
Texto e Vídeo : Patrícia Bernardes
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