sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Salvador sem calor




E a situação chegou ao seu clímax.

A cidade que anteriormente era chamada de "Terra da Felicidade" ou dos "Encantos e Axé" não mais pratica o "calor " de dar ou receber um simples abraço . Na corrida pela "venda " de uma imagem hospitaleira e cheia de cultura a ser transmitida em "rodas" de conversa...a cidade de Salvador ficou doente.

Pois é... o termo "doente" cabe para todas as pessoas que não mais se permitem receber ou dar um abraço em quem chega ou sai das nossas casas, ruas, bairros, ambiente de trabalho, ambiente de gestão voluntária ou até mesmo em sua relação "íntimo-pessoal".

Em 2010 se tornou notório a ausência de calor humano entre os baianos e as pessoas que permeiam a sua rotina de convivência. A tão querida "Terra do Axé" se tornou a "Terra dos Jargões" para ser aceita como pauta em seminários, congressos, debates e ampliação de candidaturas e/ou recandidaturas eleitorais.

Os soteropolitanos estão doentes e estão transmitindo a doença da frieza e do ceticismo aos seus irmãos regionais do Recôncavo da Bahia.
Em dois meses de caminhada pela cidade em que já completo 34 anos de vida e moradia, tenho sentido meu coração abafado pela ausência de sorriso e abraço entre as pessoas nas ruas de Salvador. Tudo se tornou financeiro. Tudo se tornou interesse. Tudo se tornou "brega e piegas" ao nos expressarmos em público. Perdemos dia após dia a capacidade de nos "reinventar" diante das penúrias com relação aos problemas já "históricos" na resolução de saneamento e cotidiano urbano na Bahia.

Foi-nos imposto a conduta de obter status e manter uma imagem do que realmente não somos, porém devemos transparecer para que não seja perdido o nosso cargo ou até mesmo não sejam perdidos os "amigos" para futuros acordos interpessoais.
O calor se foi... Não só na delícia de desfrutar aquele monumento em que brincávamos na infância...Não só na alegria de receber pessoas em nossas casas a qualquer final de semana...Não só por entender e aceitar um "telefonema" abafado de um(a) amigo(a) para compartilhar vitórias em qualquer setor da sua vida...O calor se foi no simples ato de sorrir para uma foto digital.

A obrigação das coisas nos tornou "escravos" e mesmo com vários novos Órgãos Públicos e/ou Privados para "remediar" as nossas mazelas rotineiras da Sociedade Civil, nos tornamos patologicamente enfermos pela desconfiança e a disputa por um poder que , por diversas vezes , é só mais um discurso pra ficar " bem na fita".

Se este texto é um desabafo de uma Gestora Social muito sensível...????Creio que não. Novas pessoas, novos cargos, novas atribuições nos são dadas todos os dias...Contudo, os baianos escolheram a reivindicação de seus ditos " direitos" pela força bruta e pelo semblante já " cinza" de suas faces.

Em qualquer localidade , em qualquer classe social, em qualquer cidade,estado e/ou país , o ato de sorrir e abraçar chegou a reverter GRAVES conflitos. Quando um povo perde a esperança em si mesmo não há nada nem gestor algum que o faça se sentir beneficiado em seus direitos humanos de vida.

Amigos de Redes Socias podem se tornar grandes parceiros em nossa caminhada.A cautela nunca nos fez mal , porém a falta de oportunidade de aproximação tem feito verdadeiros "estragos" na geração de novas alianças no setor familiar, profissional e pessoal.

Abraçar é bom demais... Doloroso é a sensação de mal- estar que atualmente é presença cativa nos cidadãos do mundo.

Texto e Foto : Patrícia Bernardes



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