quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O “bate cabelo” do “carneiro” no “paraíso”



Escrito por Patrícia Bernardes Sousa

Pois bem... Acabou!A folia momesca acabou e os foliões já estão em casa. Em casa? É em casa. Não estou falando de mim ou de você que está lendo este post. Estou falando dos contribuintes que a mídia global insiste em dizer que movimenta os “milhões de reais” no Carnaval de Salvador.

É isso aí... Estes mesmos foliões que você pensou agora ter lembrando quando assistiu a retrospectiva das principais emissoras de Tv quando estava almoçando. Que festa espetacular o Carnaval na capital baiana heim?! Que cidade linda, limpa, organizada, com “gente bonita” e violência controlada heim?!

“Tudo certo na Bahia”... Na capital baiana então nem se fala heim?! O prefeito amando cinematograficamente a sua cardiologista particular, os cantores cantando suas músicas com coreografias que “jogam milho, simulam sexo oral e pistolas de amor” nas mulheres...

“Tudo certo na Bahia”... Que tem uma vereadora que participa de um reality show transmitido 24hs em redes sociais e tem música própria para ensinar a nós, sociedade civil, como devemos “bater o cabelo” para nosso IPTU, INSS, SUS e todos os nossos outros encargos fiscais durante o ano na cidade de Salvador.

“Circulou,circulou, circulou. É tão maravilhoso o nosso amor”... E a nossa mídia?!

Nossa sim! Se você é comprador de jornal, acessa a net e liga à TV ela também é sua. Quantas análises lúdicas lindas heim?! Pra que falar da violência em Salvador? Pra que falar dos óbitos “camuflados” cometidos na cidade?Pra que de que pra que? Vamos falar do amor do prefeito de férias João Henrique Carneiro e sua cardiologista apaixonada Tatiana Paraíso. Vamos falar do “espetáculo” de mandato de Leo Kret “batendo o cabelo” e dizendo que quem manda na Bahia é ela (a transformista), ao lado do vocalista do Psirico Márcio Vitor , durante o desfile no circuito Campo Grande.

“ Pouh,pouh,pouh,pouh...É a pistola do amor” ... É sim! Ela invadiu a cidade e “matou” de amor os foliões baianos e turistas que visitaram a capital baiana. “Matou” a dignidade das mulheres com jatos de urina e água lançados durante o percurso da folia. “Matou” a alegria da espera dos blocos de homens travestidos na beira do passeio público durante o carnaval. “Matou” a segurança de se transitar ao lado das atrações que “puxavam” estes blocos que faziam rir crianças e idosos.

“ Estranho heim?” ... É não se ter oposição nesta cidade...

“Estranho heim?” ...É se fechar os olhos para os desmandos dos nossos gestores municipais e estaduais.

“Estranho heim?”...É não se ter uma Mudança do Garcia digna da época que foi expulsa a primeira moradora prostituta e/ou profissional do sexo em Salvador. Se fazia protesto! Ano após ano esperando a oposição às injustiças sofridas na capital baiana durante o ano e tendo o palanque do Campo Grande para exibir faixas e palavras de ordem e pedindo MUDANÇA!

“ Por isso o negro lutou...o negro lutou...” E a mídia se isenta de comentar.

A liberdade de se expressar nas ruas através da sua cultura na folia momesca é chamada de “Ouro Negro” e nem se quer é transmitido pelas emissoras de expressividade durante os sete dias de “folia”. O que é o Carnaval Ouro Negro? O que é patrocinar algo como “ esmola” se não há quem veja? O que é gestão pública negra numa cidade que se “travesti” de políticas públicas ilusórias?

“Que brilho é esse negro?”... Não é a sua cultura não. É o estereótipo que é transmitido em “30s” numa emissora com expressão nacional e logo depois de veiculado a estatística de mortos e ações violentas entre os nossos pares – soteropolitanos em sua maioria (85%) negra.

“ Ah...Imagina só...Que loucura...essa mistura” ...

Uma loucura “engessada” pela mídia local para não contrariar os interesses dos gestores estaduais e municipais e, assim, levar câmeras ao aeroporto e dizer :“ Estamos esperando por vocês em 2013”. Nós sim! Nós soteropolitanos que somos feitos de “escravos/estivadores” que carregamos as caixas de cerveja, seguramos nas cordas, costuramos os abadas, limpamos os camarotes, colamos os outdoors, recolhemos o lixo das praias, dançamos de forma sensual e tiramos fotos para eles ( os visitantes estrangeiros) levarem de lembrança da folia de Salvador.

Que venha 2013... Nova gestão municipal e novos atores para encenar a política do “bate cabelo” do “carneiro” no “paraíso”.

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