quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Cultura em Branco do Brasil



Diplomacia.Esta é a palavra que define o comportamento da Ministra da Seppir, Luiza de Bairros no início desta semana na sede da Petrobrás (RJ). Sob os olhares atentos e desconcertantes das lideranças culturais negras da Bahia, a gestora da Seppir foi rápida, prática e formal ao agradecer a estatal pela intenção de parceria para 2012.

Tendo como “pano de fundo” o convite cortês feito aos líderes dos mais diversos segmentos de cultura do país, a Petrobrás não poupou esforços e nem dinheiro para receber cerca de 30 jornalistas, dos mais diversos veículos, para divulgar os propósitos deste acordo de intenção “culturalmente negra”. Em um auditório lotado de militantes negros, o gestor em exercício da estatal Sérgio Gabrielli, foi o “ator principal” das perguntas “saia justa” feitas durante a coletiva de imprensa realizada após a cerimônia de assinatura do “protocolo de intenções”. Surpreso com a “rajada” de perguntas fora do contexto relevantes a Cultura Negra no país, Gabrielli em alguns momentos demonstrou inquietação quando questionado sob a sua saída da Petrobrás.

Pretenso candidato a governador do estado da Bahia nas Eleições 2012, o gestor não quis responder aos jornalistas presentes as perguntas referentes aos escândalos ecológicos sofridos nas cidades do Rio Grande do Sul e em territórios quilombolas que estão sendo “desapropriados” pelo Brasil. Com respostas “prontas” e “contraditórias”, Sérgio não conseguiu explicar como a Petrobrás pretendia “inovar” em ações sociais em comunidades sem acesso a educação, tendo em seu “currículo” ações indenizatória em atraso de julgamento.

Atentos ao desejo linear de Sérgio Gabrielli em agradar os cerca de 90% da população negra na Bahia e cerca de 50% da população afrodescendente do Brasil, o acordo de intenção assinado ao lado da ministra da Seppir, pode ter se tornado uma “prévia governamental” diante de quase 500 representantes de entidades culturais negras como testemunhas no Centro do Rio de Janeiro.

Cultura em “branco”

Em meio à “artilharia” de perguntas sobre a pré-candidatura do ex-presidente e conselheiro da Petrobrás, a ministra Luiza de Bairros se mostrou contida e introspectiva nos momentos mais inquietantes da coletiva de imprensa. A gaúcha, militante oriunda do MNU e intelectual respeitada no cenário nacional só respondia a perguntas referentes às parcerias feitas pela estatal. Com dados estatísticos já disponibilizados a mídia de forma exaustiva, a ministra não apresentou nada de novo aos repórteres ali presentes. Como o nome do evento já explicava parte da frustração dos jornalistas, um “acordo de intenção” deixa claro uma lacuna proveniente dos tais “débitos históricos” aos quais os negros são submetidos até hoje. Aos olhos imparciais, pode-se verificar que o convite que nos foi feito somente denota a necessidade de um “quórum” pertinente a saída do Sérgio Gabrielli e o início das atividades “sociais” da secretaria ainda considerada por muitos uma “ação lúdica” de implementação da Igualdade Racial no Brasil.

escrito por Patrícia Bernardes



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