segunda-feira, 11 de abril de 2011

Segregação racial ainda presente no Brasil



Divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) nesta semana, o Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil 2005 revela que desde 1992 a população negra tem sido a principal vítima da pobreza, atingindo um nível em que a cada três pobres brasileiros, dois são negros.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em seu relatório de 153 páginas dedicadas aos temas de racismo, pobreza e violência, acusa o Brasil de ser um país racista e com altíssima desigualdade racial e social.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é usado para avaliar e comparar as condições entre negros e pobres em relação ao nível de renda, escolaridade e expectativa de vida.

No Brasil, o IDH mediu estas condições em todos os estados do país e os comparou com o ranking mundial de desenvolvimento humano.

No ano 2000, por exemplo, se considerarmos apenas a população branca, o Brasil atingia a 44ª posição, estando entre a Costa Rica e o Kuwait.

Já entre a população negra, neste mesmo ano o Brasil ocupava a 105ª posição, estando entre El Salvador e a Moldávia.

O relatório conclui ainda que o Brasil nunca diminuiu sua desigualdade racial. Esta conclusão foi feita por José Carlos Libânio, membro do Centro Internacional de Pobreza da ONU.

Analisando o IDH em cada estado brasileiro, os brancos que vivem no Distrito Federal são comparáveis aos da República Tcheca, sendo o IDH mais alto do País, na 33ª colocação no IDH mundial que incluiu 177 países.

No entanto, os negros do estado de Alagoas, mesma região onde Zumbi dos Palmares se refugiou da perseguição branca, constam na 122ª posição, indicando ser um dos estados onde a população negra é mais discriminada, tanto economicamente como nas áreas da educação e da saúde.

“O relatório deixa claro que essa situação de desigualdade foi construída ao longo do tempo por políticas de governos”, afirmou Diva Moreira, editora do estudo do Pnud (O Globo, 19/11/05).

Na realidade, o nível de vida da população negra brasileira é um resultado de sua profunda exploração e opressão que vem ocorrendo desde a sua escravidão, há séculos atrás.

Isto significa que o próprio regime capitalista é incapaz de assimilar todos os setores da sociedade, ou seja, é de sua própria natureza funcionar através da exploração de uma grande parte da população para favorecer uma minoria privilegiada, resultando em uma verdadeira segregação racial.

Se separássemos um Brasil dos brancos e outro dos negros, o primeiro estaria junto a países relativamente desenvolvidos da Europa, como a Bulgária ou a Letônia. No segundo caso, os negros viveriam semelhantes às condições de vida da população do Vietnã ou da Bolívia.

Entretanto, não se trata de uma hipótese, mas de uma realidade, onde um povo que representa cerca de 50% de toda a população brasileira é, necessariamente, a mesma que representa 64% da pobreza nacional e 69% de toda a indigência no País.

A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel e que aboliu a escravidão no Brasil no dia 13 de maio de 1888, nem de longe procurou abolir a desigualdade racial e o racismo, uma vez que não consolidou nenhum tipo de garantia às dezenas de milhões de pessoas agora desempregadas e sem qualquer acesso a condições minimamente decentes.

A sociedade capitalista é incapaz de atender às necessidades dos negros

Após 310 anos da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, em 20 de novembro de 1695, as comemorações em sua homenagem devem servir também para denunciar toda e qualquer violência da sociedade capitalista contra o negro.

É preciso caracterizar que Lula não defende uma política para os trabalhadores e a população pobre em geral, mas sim atende somente aos grandes empresários, banqueiros e ao imperialismo.

Portanto, Lula representa os interesses da burguesia, que são completamente opostos aos interesses dos trabalhadores e outros setores oprimidos da sociedade, incluindo negros, mulheres e juventude.

Segundo um levantamento realizado por grupos de defesa dos negros, o “custo do racismo no Brasil” teria um valor de R$ 67,2 bilhões, ou seja, se este valor fosse aplicado em educação, habitação e saneamento básico, a fim de atender as necessidades deste setor, a desigualdade racial estaria equilibrada.

Mas ao contrário disto, o presidente Lula está completamente comprometido em pagar a dívida externa para países ricos, tirando dos pobres para encher os bolsos de verdadeiros parasitas sociais.

A população negra brasileira deve se organizar sobre a base de um programa que atenda de fato todas as suas reivindicações. Este programa deve ser defendido através da luta contra a burguesia e o capitalismo, únicos responsáveis pela miséria no País.

enviado por Comitê Baiano Negros e Negras

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