domingo, 1 de julho de 2018

Like de Orisà - A tecnologia na perpetuação do Candomblé ?



Por Patrícia Bernardes Sousa

Os conservadores do Candomblé estão assustados, porém a “realidade virtual” de um suposto relacionamento com o orixá (orisà) chegou e chegou pra “quebrar a web”. “Feitos”, confirmados ou apenas “enfeitados de belos tecidos”, o que sabemos é que a tecnologia wi-fi invadiu os Terreiros de Candomblé da Bahia e nada mais se pode fazer pra conter este “tsunami” de denúncias, exposição do sagrado e festas das mais diversas nações de candomblé já vista no Brasil e, em particular, na Bahia.

O advento dos Apps tem se tornado cada vez mais frequente nas rodas de conversa, anteriormente informais e, atualmente, exaustivamente divulgadas nos “templos sagrados de orixá” na Bahia. O culto ao sagrado tem sido explosivamente divulgado nas suas bênçãos e nas suas decepções, através de gravações de vídeos e áudios de seus filhos (as) de orixá, ladeados dos mais diversos tipos de tecnologia dentro ou foro do roncó.

O que fazer diante de um filho (a) de orixá que leva para dentro do roncó o seu smartphone de última geração?! O que dizer diante de um áudio constrangedor vastamente divulgado em grupos privados da mesma religião em questão, sobre os mais diversos “descontroles” de pais e mães de santo direcionado para divulgação no wathsapp?! A quem recorrer diante das denúncias de subalternidade religiosa em terreiros históricos, reconhecidos internacionalmente e/ou apadrinhados politicamente?!

No século XIX , segundo o livro “A Formação do Candomblé – História e Ritual da Nação Jeje na Bahia”, escrito por Luís Nicolau Parés, o conde de Ponte, que governou a Bahia de 1805 até 1810, defendia uma política de repressão sistemática ao Candomblé e afirmava que tudo não passava de uma” festa africana subversiva que criava no escravo o gosto pela sua independência, promovendo a libertinagem e estimulando a sua autoconfiança”.

Partindo deste princípio, o que dizer do Candomblé deste século?! Onde se encontra atualmente o vasto desejo de liberdade religiosa ao culto ao orixá e a preservação do sagrado diante da chegada da tecnologia permitida e vaidosa vastamente em expansão nos Terreiros?!

Se compararmos às demais religiões existentes e permitidas pela Constituição no Brasil, a propagação do Candomblé em redes sociais e aplicativos disponíveis no celular pouco nos orgulhado na construção de políticas públicas de inclusão dentro e fora das leis instituídas na Constituição para as próximas gerações seguidoras de orixá. Denúncias facilmente desconstruídas e destruídas pelos próprios adeptos da religião, em benefício civil de outros adeptos de Candomblé que fez da religião um “negócio rentável” a revelia do ori ( cabeça) de quem a frequenta.
Estimular a filmagem e o registro fotográfico de orixás e das comidas sagradas em momentos de awo ( segredo) , reverbera as mais diversas interpretações pejorativas e negativas judicialmente, levando ao escárnio coletivo de nossa religião . Ciente disso, se faz necessário um convite a reflexão de cada profissional e sacerdote envolvido nesta expansão do sagrado em detrimento do momento financeiro atual aos quais os templos sagrados se encontram . Expandir divulgação pra conquistar adeptos pode perfeitamente caminhar de forma ética na divulgação de obras sociais sólidas, ano após ano. Propagar o sagrado a revelia das normas éticas, para além do roncó, avacalha e desmerece os templos sérios de Candomblé que , por anos, constroem a estrada religiosa dentro e fora da Bahia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário