terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Combate à Intolerância Religiosa lota a UFBA



“Uma comemoração com a beleza e a dimensão à altura da importância da data”. Com estas palavras, a ouvidora-geral da Câmara Municipal de Salvador, vereadora Olívia Santana (PCdoB), definiu a celebração do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, realizado neste sábado (21/01), no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O ato de celebração da data e culminância do projeto “Unidos Contra a Intolerância Religiosa”, promovido pela Ouvidoria da Câmara, em parceria com o Centro de Educação e Cultura Popular (Cecup) e a União de Negros pela Igualdade (Unegro), lotou o auditório e as galerias da sede da UFBA, com representações de distintas correntes religiosas.

Olívia iniciou a cerimônia agradecendo à yalorixá Mãe Stella de Oxóssi, ao médium e líder espírita José Medrado, ao padre Gaspar Sadoc e ao pastor Djalma Torres, que cederam as suas imagens e vozes para o projeto. “Saudamos com alegria e gratidão a estas memoráveis figuras que compreenderam a grandeza deste projeto e concordaram em participar da campanha”. Em seguida, a vereadora resgatou a história da data, relembrando a morte da yalorixá Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda, e a luta da família da vítima em busca de justiça. Olívia lembrou ainda, que o dia 21 de janeiro é também o Dia Mundial da Religião. “Não entendo o porquê da existência da intolerância religiosa, já que todas as religiões pregam a paz e o amor”, questionou.

Afirmando que todos os líderes religiosos, se interrogados, manifestariam-se contrários à intolerância religiosa, Medrado disse não saber o motivo da existência desta mazela. Segundo o médium, a resposta para esta questão pode estar no distanciamento entre a teoria e a prática. “Precisamos deixar de apenas falar neste tema e praticar o respeito no nosso cotidiano”. Para ele, o povo de santo, “o mais massacrado pela intolerância”, deveria deixar de pedir tolerância e “exigir respeito”. Mãe Stella destacou que religião não combina com discriminação e intolerância. A religiosa entoou um cântico em ioruba, sendo acompanhada e aplaudida de pé por todo o auditório. Gesto semelhante fez o pastor Djalma Torres, que evocou em oração a união de todos os credos.

Homenagem e conquistas

A cerimônia, que contou com o apoio do Governo do Estado, da Fundação Cultural Palmares, dos ministérios públicos Estadual (MP-BA) e Federal (MPF-BA), e da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (Fenacab), homenageou o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde, também conhecido como Roça do Ventura, pela luta que vem travando contra a intolerância religiosa. Situado no município de Cachoeira, a 110 km de Salvador, o terreiro enfrenta, desde 2010, uma batalha contra a invasão das suas terras. O presidente da Sociedade Religiosa da Roça do Ventura, Edvaldo Conceição, agradeceu às homenagens e disse que “tudo isso representa mais uma vitória para a luta pelo respeito à liberdade religiosa”. Na oportunidade, o procurador regional dos Direitos do Cidadão do MPF, Domênico D'Andrea Neto, informou sobre a liminar expedida pela 13ª Vara da Justiça Federal, defendendo a propriedade do terreiro. Destacou ainda as atuações em defesa do terreiro, do procurador-geral de Justiça do MP-BA, Wellington César Lima e Silva, e da promotora de Justiça Márcia Virgens.

A coordenadora nacional da Comissão das Comunidades Tradicionais da Unegro, Nylsia dos Santos, e o coordenador-geral do Centro de Educação e Cultura Popular (Cecup), Edmundo Kroger, parceiros do projeto, comemoraram a realização da campanha e do ato de celebração. “São notórios os avanços da democracia no nosso país e as conquistas do povo de santo. Mas ainda é preciso muito mais. Precisamos exigir o direito à igualdade”, destacou Nylsia, conclamando os religiosos a participarem dos processos políticos.

O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), autor da Lei 11.635/07, que instituiu o 21 de janeiro como Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, creditou a criação da data à ação da sociedade. “Todos os méritos para a instituição desta data, para este belíssimo ato que participamos hoje e para todas as demais conquistas devem ser dados à participação e a luta da nossa sociedade por um país melhor”, assinalou. Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Araújo, que ressaltou a histórica perseguição às religiões de matriz africanas no país, a realização do ato representava mais uma conquista na luta pela liberdade religiosa. Elias Sampaio, secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial, destacou a importância da contribuição de cada um dos presentes pelos avanços democráticos no estado e no país.

A Orkestra Rumpilezz, sob o comando do maestro Letieres Leite, deu o tom do encerramento da cerimônia, brindando os presentes com um concerto onde a mistura do clássico e da musicalidade africana, reverenciava o encontro das diferenças e convidava a todos ao convívio em harmonia.




enviado por

Wellington Oliveira

Assessoria de Comunicação

Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador

Tel.: +55 71 3320-0438 | 8844-3422

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