terça-feira, 7 de maio de 2013

“Meu orixá não é vegetariano” afirmam religiosos de matriz africana em Salvador



Sessão foi transformada em especial para ouvir líderes religiosos sobre proibição de oferendas com animais

“Meu orixá não é vegetariano”, dizia um cartaz exibido por seguidor do candomblé. “Abolição animal. Eles merecem respeito”, rebatia outro cartaz, desta vez sustentado por militantes da causa animal, defensores do projeto do vereador Marcell Moraes (PV), que proíbe a utilização de animais nas oferendas da religião de matriz africana. Esse foi o clima na sessão ordinária de hoje (6) da Câmara Municipal de Salvador, que foi transformada em especial, por sugestão da vereadora Aladilce Souza (PCdoB), para que as lideranças religiosas e os militantes do PV pudessem se manifestar.
O autor do projeto compareceu à sessão, mas não se pronunciou nem atendeu ao apelo, tanto dos manifestantes quanto dos colegas vereadores, para que retirasse o projeto. E se retirou do plenário, impossibilitando a votação em regime de urgência urgentíssima. Diversos vereadores, dos mais diferentes partidos, se posicionaram pela inconstitucionalidade da proposta de Marcell. Diante disso, ficou marcada uma reunião extra da Comissão de Constituição e Justiça, às 11 horas desta terça-feira (7), para emitir e votar parecer contrário à aprovação do projeto.

Sacerdotes
O presidente da Casa, vereador Paulo Câmara (PSDB), acatou a sugestão de transformar a sessão em especial e recomendou que a CCJ antecipasse a reunião para apresentar parecer, atendendo aos anseios do povo de santo que lotava o Plenário Cosme de Farias, as escadarias e pátio interno da Câmara. Hilton Coelho (PSOL) defendeu que as ialorixás e os babalorixás, “sacerdotisas e sacerdotes, tão importantes quanto quaisquer outros líderes religiosos”, fossem convidados a participar da sessão. 
Manifestaram-se também contra a aprovação do projeto, por considerá-lo um afronta às tradições das religiões de matriz africana, os vereadores Sílvio Humberto e Fabíola Mansur (PSB); Gilmar Santiago, Waldir Pires, Moisés Rocha, Carballal e Suíca (PT); Alfredo Mangueira e Pedrinho Pepê (PMDB); Edvaldo Brito (PTB), Everaldo Augusto (PCdoB), Odiosvaldo Vigas (PDT), Leo Prates (DEM), Isnard Araújo (PR), Joceval Rodrigues (PPS), Kiki Bispo (PTN), Leandro Guerrilha (PSL), Heber Santana (PSC), Euvaldo Jorge (PP) e Tiago Correia (PTN).
A sessão especial foi presidida pelo vereador Arnando Lessa (PT), 1º secretário da Casa, que convidou para compor a mesa os vereadores Edvaldo Brito e Aladilce Souza; a ebome Nice de Oyá, makota Valdina Pinto, Raimundo Konmannanjy (presidente da Acbantu – Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu), Jacilene Nascimento (diretora da Acbantu) e o tata Eurico Alcântara (Núcleo de Religiões Afro-Brasileiras da PM). 
O vereador Silvio Humberto presidiu parte da sessão, a convite de Lessa. Todos os oradores classificaram a sessão como histórica e uma demonstração do poder do povo de santo e dos que defendem a liberdade de culto religioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário