Por
Patrícia Bernardes Sousa
Os
conservadores do Candomblé estão assustados, porém a “realidade virtual” de um
suposto relacionamento com o orixá (orisà) chegou e chegou pra “quebrar a web”.
“Feitos”, confirmados ou apenas “enfeitados de belos tecidos”, o que sabemos é
que a tecnologia wi-fi invadiu os Terreiros de Candomblé da Bahia e nada mais
se pode fazer pra conter este “tsunami” de denúncias, exposição do sagrado e
festas das mais diversas nações de candomblé já vista no Brasil e, em
particular, na Bahia.
O advento
dos Apps tem se tornado cada vez mais frequente nas rodas de conversa,
anteriormente informais e, atualmente, exaustivamente divulgadas nos “templos
sagrados de orixá” na Bahia. O culto ao sagrado tem sido explosivamente
divulgado nas suas bênçãos e nas suas decepções, através de gravações de vídeos
e áudios de seus filhos (as) de orixá, ladeados dos mais diversos tipos de
tecnologia dentro ou foro do roncó.
O que
fazer diante de um filho (a) de orixá que leva para dentro do roncó o seu
smartphone de última geração?! O que dizer diante de um áudio constrangedor
vastamente divulgado em grupos privados da mesma religião em questão, sobre os
mais diversos “descontroles” de pais e mães de santo direcionado para
divulgação no wathsapp?! A quem recorrer diante das denúncias de subalternidade
religiosa em terreiros históricos, reconhecidos internacionalmente e/ou
apadrinhados politicamente?!
No século
XIX , segundo o livro “A Formação do Candomblé – História e Ritual da Nação
Jeje na Bahia”, escrito por Luís Nicolau Parés, o conde de Ponte, que governou
a Bahia de 1805 até 1810, defendia uma política de repressão sistemática ao
Candomblé e afirmava que tudo não passava de uma” festa africana subversiva que
criava no escravo o gosto pela sua independência, promovendo a libertinagem e
estimulando a sua autoconfiança”.
Partindo
deste princípio, o que dizer do Candomblé deste século?! Onde se encontra
atualmente o vasto desejo de liberdade religiosa ao culto ao orixá e a
preservação do sagrado diante da chegada da tecnologia permitida e vaidosa
vastamente em expansão nos Terreiros?!
Se
compararmos às demais religiões existentes e permitidas pela Constituição no
Brasil, a propagação do Candomblé em redes sociais e aplicativos disponíveis no
celular pouco nos orgulhado na construção de políticas públicas de inclusão
dentro e fora das leis instituídas na Constituição para as próximas gerações
seguidoras de orixá. Denúncias facilmente desconstruídas e destruídas pelos
próprios adeptos da religião, em benefício civil de outros adeptos de Candomblé
que fez da religião um “negócio rentável” a revelia do ori ( cabeça) de quem a
frequenta.
Estimular
a filmagem e o registro fotográfico de orixás e das comidas sagradas em
momentos de awo ( segredo) , reverbera as mais diversas interpretações pejorativas
e negativas judicialmente, levando ao escárnio coletivo de nossa religião .
Ciente disso, se faz necessário um convite a reflexão de cada profissional e
sacerdote envolvido nesta expansão do sagrado em detrimento do momento
financeiro atual aos quais os templos sagrados se encontram . Expandir
divulgação pra conquistar adeptos pode perfeitamente caminhar de forma ética na
divulgação de obras sociais sólidas, ano após ano. Propagar o sagrado a revelia
das normas éticas, para além do roncó, avacalha e desmerece os templos sérios
de Candomblé que , por anos, constroem a estrada religiosa dentro e fora da
Bahia.
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